sexta-feira, 11 de março de 2011

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SACRIFICIUM LAUDIS
A HERMENÊUTICA DA CONTINUIDADE DE BENTO XVI E O RETORNO DO CATOLICISMO TRADICIONAL (1969-2009)

ASSUNTO: História
AUTOR(ES): DIAS, JULIANO ALVES
ISBN: 9788579831249
PÁGINAS: 133
ANO: 2010

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O mundo do sujeito e o sujeito no mundo:

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Amar, aprender e trabalhar

O que o trabalho, o aprender e o amor tem em comum? Apontam para uma normalidade do sujeito! Assim poderíamos dizer de uma forma mais simplificada e superficial.
Desde a sua concepção o sujeito, concepção esta para além daquilo que é o biológico, ou seja, concebido a partir de um discurso de um Outro, o sujeito se depara com o imperativo de se inserir na cultura; é a sua chance de escapar da loucura. É preciso do banho civilizatório. Esta condição “sine –qua- non”, é feita se, e somente se, o sujeito sustentar a sua condição de parcialidade, tendo o ideal de completude subordinado a sua capacidade de fantasiar. Isso é o que determinará a sua condição de sujeito desejante, fonte de suas invenções, criações. Só pode advir desejo onde falta e é porque falta que invento!
Deparar-se com esta condição de faltante, por estrutura, não o conduz necessariamente a ocupar uma posição de inibição, de dejeto; vai ter que se haver com “apesar de”, o tempo todo.
Só saberá hábil em ato, e o resultado disso, só depois; principalmente no que diz respeito em relação ao amar, aprender e trabalhar, cujas formas e contornos não escapam do implacável desejo. Não há sujeitos inocentes ou ingênuos naquilo que escolhe e discursa. Estes atos tem suas conseqüências, principalmente quando “sacamos” de que nem tudo que se deseja pode! Amar, aprender e trabalhar são ofícios que escapam ao manual de instrução - que alivio!!
É por este viés que transcorre nossas conversas com os sujeitos que pertencem as unidades COC- Franca.

Dr. Antônio Cézar Perón

Tema abordado nas reuniões de funcionários realizadas periodicamente nas unidades COC FRANCA.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A Escolha

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Democracia direta, a Suíça convocou um plebiscito para decidir se o país conviverá com os minaretes ou se eles serão proibidos.
Ao optarem pelo controle da natalidade, pelo aborto, pela recusa de aceitarem certos empregos, os europeus abriram as portas para a imigração. No passado eram eles que iam colonizar outros territórios. Os imigrantes tendem a ser mais prolíficos que os europeus. Radicados em países democráticos e com liberdade de opção religiosa, muitos imigrantes oriundos da África e do Oriente Médio optam por continuarem fieis às suas religiões e tradições culturais. O europeu e o ocidental em geral têm dificuldade para encarar que expondo a pessoa ao materialismo existencial, à sociedade de consumo, à educação laica, à intelectualidade anti-religiosa ela pode optar por continuar fiel à sua religião. Para um oriental, ser fiel às suas tradições e à sua religião é um fenômeno bastante compreensível. Porque perderam em grande parte a fé e abandonaram seus costumes, os ocidentais que assim procederam esperam que todos também o façam. Algo similar já ocorreu na história ocidental quando o patriciado romano começou a murchar. Embora estivesse em seu auge quando o Cristianismo surgiu, o Império Romano convivia com o aborto e infanticídio e essas duas práticas minavam o grupo social dominante ( os patrícios ) : “ L’aborto e l’infanticidio furono aboliti ed esecrati dai cristiani in mezzo a una societá che sempre più li praticava. “ ( MONTANELLI, Indro. Storia di Roma. Superbur. Milão. 1997, p. 313 ). O mesmo grupo social dominante em Roma, que praticava o aborto, há muito havia perdido a fé em seus deuses e permitia a importação de deuses dos povos vencidos ( incluindo aí o Deus dos cristãos ). Mesmo antes do Império, quando Júlio César propôs uma lei popular e o Senado se opôs, o projeto da lei teve que ser explicado na Assembléia. Bibulo, um dos integrantes da Assembléia vetou o projeto dizendo que os deuses, interrogados, mostraram-se contrários ao tal projeto. Diante da frase de Bibulo, a Assembléia começou a rir freneticamente. Em outros tempos, a explicação de Bibulo teria sido aceita. Por mais que fosse ridículo acreditar que era possível consultar os deuses para saber sobre o destino de um projeto de lei, é preciso lembrar que foi tal tradição que levou Roma a se erguer, de um débil povoado camponês, para ser a capital do mundo mediterrânico. A importação de outras religiões, culturas e povos, o desaparecimento da antiga classe dirigente pela queda da natalidade e pela ascensão de outros grupos sociais e o enfraquecimento da religião oficial explicam em grande parte a crise do mundo romano e a ascensão do Cristianismo. Quem eram os primeiros cristãos que fizeram sua religião crescer enquanto as tradições romanas definhavam justamente no momento no qual Roma aparentava tanta força? Segundo historiadores, eram pessoas de todos os grupos sociais, embora predominassem os que tivessem poucos meios. Geralmente eram pessoas industriosas e pacíficas, prolíficas, que financiavam os cristãos mais pobres. Teriam eles semelhanças com algumas comunidades de imigrantes muçulmanos radicadas na Europa atualmente?
Caso os europeus queiram que os minaretes não predominem em seus territórios terão que mudar alguns comportamentos e a proibição legal não basta ( lembremo-nos que o Cristianismo já foi proibido e perseguido em Roma ). Seguramente terão que ter mais filhos ( o que dificilmente ocorrerá na atual conjuntura ), terão que aceitar empregos que muitos consideram não compatíveis com seu nível social ou intelectual e terão que resgatar sua identidade cultural, incluindo a sua identidade religiosa. Não creio que nada disso acontecerá. Acho que a Europa continuará se esvaziando de europeus, que os cristianismo perderá cada vez mais fiéis no continente e que os imigrantes continuarão sendo os mais prolíficos por lá. A Europa do futuro será seguramente menos cristã e menos branca. Os europeus do futuro serão uma mescla dos europeus de hoje com a multidão importada da África, Oriente Médio, Ásia Meridional, Ásia Oriental e América Latina. A cultura européia do futuro também será filha desse cadinho étnico. Os europeus já fizeram sua escolha.

Josué Navarro de Andrade

quarta-feira, 29 de julho de 2009

OS PLÁSTICOS E OS DESAFIOS PARA AS PRÓXIMAS GERAÇÕES

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Prof. Dr. José Marcelo Cangemi
Professor de Química COC/Franca
Coordenador do curso de Licenciatura em Química das Faculdades COC/Ribeirão Preto

Os plásticos e borrachas, ou seja, os polímeros, são muito importantes na sociedade atual. Leves e resistentes, práticos e versáteis, duráveis e relativamente baratos, eles se tornaram parte do nosso dia-a-dia; sem exagerar, excetuando-se a nossa comida, o ar e a água, no restante, todas as coisas com as quais temos contato em nosso cotidiano contém plástico na sua constituição, seja na totalidade ou em algumas partes. Você já parou para pensar que tudo é embrulhado em plástico? Os calçados são feitos de couro artificial, as roupas são de nylon, o leite é vendido em saco plástico ou em “caixinha”, os encanamentos são de PVC. Olhe para si mesmo: seus óculos provavelmente são feitos de acrílico, seu computador e seus cds de plástico, assim como a garrafa de refrigerante.
Mas é justamente uma das maiores virtudes do plástico, a durabilidade, que se tornou nas últimas décadas também o seu “calcanhar-de-aquiles”. Polímeros sintéticos puros são geralmente resistentes ao ataque microbiano devido a uma série de fatores como dureza, absorção limitada de água e tipo de estrutura química. Saiba que, depois de descartado, o plástico permanece durante décadas ou mesmo séculos sem se degradar, agravando um dos sérios problemas da sociedade atual: o descarte de lixo. Há quantidades enormes de objetos plásticos no lixo, e é urgente pensarmos em possíveis soluções. Mas quais seriam elas?
Entre as opções existentes para minimizar esse problema ambiental apresentam-se a incineração (reciclagem energética), a reciclagem e a biodegradação, cada qual com seus prós e contras.
- Incineração: é o termo usado para designar a combustão do lixo municipal. Um incinerador apropriadamente projetado e operado permite que a redução de volume de material a ser aterrado seja substancial. Em muitos países a incineração é realizada para a conversão de resíduos plásticos em energia. No entanto, a incineração ainda não está sendo utilizada em grande escala devido ao custo elevado e, em alguns casos, por ser potencialmente arriscada. Alguns plásticos, como o cloreto de polivinila (PVC), causam irritação ou então geram gases tóxicos quando queimados.
- Reciclagem: é uma forma de aproveitamento de resíduos plásticos de produtos descartados no lixo. Os materiais que se inserem nesta classe provêm de lixões, sistema de coleta seletiva, sucatas, etc. São constituídos pelos mais diferentes tipos de material e resina, o que exige uma boa separação para poderem ser aproveitados. No caso dos polímeros termofíxos (aqueles que uma vez prontos não fundem mais), a boa notícia é que se tem encontrado soluções interessantes na tentativa de diminuir o impacto destes no meio ambiente, entrando como cargas inertes (após moagem), sendo incorporados na formulação de peças, como constituintes de asfalto, etc.
Se por um lado temos as vantagens, por outro também temos dificuldades na implantação de tal modelo, dentre as quais podemos citar: escassez de empresas interessadas em comprar o material separado, dificuldade em separar corretamente os diversos tipos de plástico e a difícil tarefa em garantir um fornecimento contínuo de matéria-prima de boa qualidade aos compradores. Outra dificuldade é o fato dos termoplásticos (polímeros que podem ser fundidos diversas vezes), apresentarem um limite de reciclagem, e a partir daí se tornarem um resíduo agressor ao meio.
- Plástico biodegradável: ao contrário dos sintéticos derivados do petróleo, sofrem biodegradação com relativa facilidade, se integrando totalmente à natureza. Devido a isso, institutos de pesquisas das universidades, muitas vezes ligados ao setor industrial, trabalham há alguns anos em uma linha de pesquisa que visa desenvolvê-los. Uma substância é biodegradável se os microrganismos presentes no meio ambiente forem capazes de convertê-la a substâncias mais simples, existentes naturalmente em nosso meio. Mas este material também apresenta suas limitações: do ponto vista técnico, os plásticos biodegradáveis ainda não apresentam toda a versatilidade dos convencionais, enquanto que do ponto de vista econômico, eles ainda são mais caros que os derivados de petróleo (de duas a três vezes).
O futuro dos plásticos se mistura um pouco com o próprio futuro da humanidade, e com certeza ainda teremos muitos capítulos nessa história. Por isso você, que acabou de ler este artigo, faça também a sua parte: prefira consumir produtos armazenados em embalagens biodegradáveis ou feitas de material reciclado, garantindo assim um futuro melhor para as próximas gerações.

Pesquisa transforma sobras de couro industrial em dinheiro

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O COC Franca teve a honra de receber em sua Unidade do Ensino Médio no dia 19 de junho a Dra. Joana Félix, que gentilmente atendeu ao convite feito pela Prof.ª Vera Márcia, da área de Redação, para um ciclo de palestras nos 3os anos e Extensivo sobre o desenvolvimento do seu trabalho (vide reportagem abaixo) e sua trajetória de vida como estudante, sua garra, determinação, perseverança e muito estudo. Os alunos sentiram-se envolvidos pela sua fala e participaram ativamente com perguntas significativas.

Agradecemos a presença da nobre pesquisadora e cientista em nossa instituição,
Leny Pimenta

Em uma época em que a proteção ambiental virou questão de sobrevivência, a pesquisa de uma francana pode revolucionar a questão do lixo produzido pelo segmento coureiro calçadista no país e ainda gerar lucro para quem colocá-la em prática. O estudo desenvolvido através da PHD em Química pela Universidade de Harvard, Joana D’Arc Félix de Sousa, consiste na extração de subprodutos químicos extraídos das sobras do couro industrial.

Segundo Joana, é possível retirar das sobras de couro produtos como corante, óleo de engraxe, tanino, cromo e colágeno, além da água, que é reaproveitada. No caso do óleo de engraxe, o produto se transforma ainda em biodiesel e pode ser usado como fonte energética.

Todos estes produtos são reutilizados pela indústria química. “O colágeno é utilizado na área alimentícia, cosmética e farmacêutica; os corantes, na área têxtil, de papel e couros; os taninos, na área de cosméticos e couro e o cromo na cromagem de metais e de novo, no couro”, comenta Joana.

A química salienta que a pesquisa é inédita e que não encontrou estudo semelhante em nenhum lugar do mundo. “De dados que obtivemos, inclusive da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), é um trabalho inédito mundialmente”.

O processo está sendo utilizado por Joana e lhe gerando renda. De acordo com ela, sua empresa, a Ecobrás, instalada no Jardim Zelinda, já trabalha com uma média de uma tonelada de resíduos por dia, que gera 300 quilos de biodiesel, 40 quilos de corante e 200 quilos de colágenos, que é o subproduto mais rentável, segundo Joana. Com esta produção, a química consegue ter um faturamento médio de R$ 10 mil mensais.

Se os lucros são altos, os custos são proporcionalmente baixos. “O impressionante é que o custo é baixíssimo. De uma tonelada de resíduo, gasta-se entre R$ 100 a R$ 150 para extrair todos os produtos”. O total obtido com a venda dos subprodutos pode chegar a R$ 500, ou seja, aproximadamente cinco vezes os gastos.

Além do lucro obtido, Joana pode ter ganhos ainda pela iniciativa de não agressão ao meio ambiente. “Nós vamos obter créditos de carbono (dinheiro pago a iniciativas que diminuam a emissão de gás carbônico) com este trabalho. Estou em conversação com a prefeitura de São Paulo para ver de onde virão estes créditos”.

Nas contas de Joana, cada par de sapato gera 200 gramas de resíduos que podem ser utilizados pelo projeto. Além das fábricas de calçados, os próprios curtumes produzem sobras que poderiam ser reutilizadas. Hoje, as empresas calçadistas depositam os resíduos no aterro sanitário da cidade, pagando para isso. “Esse retalho que ele deposita no aterro é um passivo ambiental, uma herança que ele deixa para os filho, netos e que pode, ainda, gerar prejuízo”, disse.

O projeto já ganhou prêmio.

A experiência de Joana D’Arc e de sua empresa, a Ecobrás, despertou a atenção do setor coureiro-calçadista. O maior indício disso foi a conquista do primeiro Prêmio Couromoda de Boas Práticas Sócioambientais no Setor Coureiro-Calçadista, na feira realizada em São Paulo no último dia 14. Lá, foi procurada por várias empresas do Rio Grande do Sul interessadas na instalação da tecnologia em terras gaúchas.

O presidente do Sindifranca (Sindicato das Indústrias Calçadistas de Franca), Jorge Donadelli, disse que a entidade está interessada no projeto. “É uma boa notícia. O lixo poderá virar matéria-prima, resolvendo dois problemas. Por isso, desperta nosso interesse e iremos apoiar”.
Para continuar as pesquisas, Joana conseguiu um financiamento de R$ 600 mil da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo) para aquisição de equipamentos e contratação de bolsistas.

Publicado em 18 de Janeiro de 2008.
Jornal Comércio da Franca

A Gripe Suína (influenza A H1N1), por Fabrício Cintra (URSO)

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Depois da “síndrome da vaca louca” (encefalopatia esponjiforme), doença provocada por um príon (proteína com capacidade de modificar outras proteínas tornando-as cópias de si própria) e que dizimou milhares de rezes bovinas na Grã Bretanha em 1994; da pneumonia asiática, uma doença respiratória grave que afligiu o mundo no ano de 2003; e da gripe do frango que, posteriormente, se “transformou” em gripe aviária, variedade do vírus influenza H5N1, hospedado por aves e que infectou dezenas de pessoas num surto em 2005, o clímax viral se aporta na “gripe suína” ou influenza A H1N1, doença que a cada dia acomete um número maior pessoas por diversas partes do planeta.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) elevou de 365 (sexta-feira, 1º de maio) para 1.085 o número de casos confirmados de gripe suína em todo o mundo até segunda-feira, 4 de maio. De acordo com a entidade, o vírus influenza A H1N1 já infectou pessoas em 21 diferentes países até o momento. O México apresenta 595 infectados e 25 mortes. Os Estados Unidos aparecem a seguir, com 286 casos confirmados e uma morte. O Brasil ainda não consta na lista de países com casos confirmados da OMS, havendo apenas 25 casos suspeitos e 44 pessoas monitoradas pelas autoridades de Saúde.
A gripe suína é causada por um vírus denominado de “H1N1”, transmitido, como toda gripe do grupo A, por aves. As aves conseguem transportar o vírus sem que este, muitas vezes, se desenvolva nelas, uma vez que seus pulmões não apresentam receptores específicos para o reconhecimento viral, sendo um alvo infeccioso. Desta maneira, fica difícil saber se uma ave está ou não contaminada pelo vírus. Os vírus apresentam, ao redor da cápsula que protege a molécula viral, proteínas de reconhecimento e acoplamento celular, permitindo o ataque a células que, por sua vez, servirão de “criadouros” de novos vírus que se alimentarão e se reproduzirão no interior destas. Essas proteínas são classificadas em dois tipos: as proteínas representadas pela cor alaranjada que correspondem às “proteínas H” (hemaglutinina), responsáveis pela aglutinação de células (hemácias) infectadas, e aquelas representadas pela cor vermelha que correspondem às “proteínas N” (neuraminidase), responsáveis pela eliminação dos vírus que se reproduziram na célula. Assim, no caso da gripe suína (H1N1), para cada proteína “H” existe uma proteína “N” ao seu redor (Figura 1). Isso permite o reconhecimento e acoplamento aos sítios específicos presentes em células pulmonares de alguns mamíferos, como no caso do ser humano.


Figura 1. Estrutura do vírus da gripe.


As células que compõem o tecido pulmonar dos humanos apresentam na superfície de sua membrana plasmática receptores específicos semelhantes a “velcros” que permitem o reconhecimento pelas cepas virais que penetram na célula, contaminando-a e utilizando seu metabolismo para se nutrir e se reproduzir, aumentando consideravelmente o número de exemplares num curto espaço de tempo, podendo levar o hospedeiro (paciente) ao óbito.
Provavelmente os porcos se contaminaram por meio da ingestão de comida com fezes deixadas por aves contaminadas que pousaram na região das pocilgas para, por exemplo, adquirir parte do alimento (quirera) ou beber água. Como estes não apresentam receptores específicos nos pulmões, os vírus permanecem circulantes no corpo do animal, sem que este desenvolva a doença, mas tornando-se um transmissor em potencial.
A cepa do vírus da “gripe suína” é a mesma responsável pela “gripe espanhola” que, em 1918, dizimou milhões de pessoas pelo mundo, numa das maiores epidemias enfrentadas pela humanidade. A diferença está na enorme quantidade de mutações sofridas pela cepa viral nesses 90 anos que se passaram, tornando-o um “super-vírus”. Na década de 20 os meios de transporte eram bastante precários, o que dificultava o tramite de pessoas de uma região para outra ou de um país para outro, tornando a transmissão da doença mais difícil que nos dias atuais que, graças à globalização, permite que uma pessoa se desloque da Europa para o Brasil em menos de um dia. Além disso, vale ressaltar os avanços alcançados pela medicina nos últimos 90 anos. Na década de 20 não existiam fármacos capazes de amenizar os sintomas, muito menos abrandar a doença, ficando dependente apenas da capacidade de reação imunológica de cada paciente à doença e da resistência presente no organismo de cada um. Já no século XXI, com o avanço da bioquímica, os laboratórios são capazes de descobrir e sintetizar uma vacina em menos de seis meses, tempo bastante curto quando comparado ao início do século passado.
O “super-vírus” influenza A H1N1 (gripe suína) é uma combinação genética dos vírus da gripe humana (influenza comum), da gripe aviária (H5N1) e da gripe suína (mesma da gripe espanhola de 1918), com uma grande resistência às pressões externas e alto grau de letalidade. Os fármacos existentes atualmente, que são capazes de eliminar a “gripe comum” sem causar a morte do indivíduo, apresentam pouca ou nenhuma eficiência contra a “gripe suína” (gripe A). Essas características permitiram o seu desenvolvimento num curto espaço de tempo, fazendo com que a OMS elevasse o nível de alerta para pandemias do nível 3 para o nível 4 (transmissão entre humanos de um vírus de gripe animal ou humano-animal capazes de provocar surtos em comunidades) em 30 de abril, e do nível 4 para o nível 5 em 01 de maio – numa escala que varia do nível 1 ao nível 6. É a primeira vez que esta combinação genética ocorre e, por isso, ainda não há vacina contra a doença (Quadro 1).

Quadro 1. Os níveis de alerta para pandemias estipulados pela OMS.

O atual nível 5 indica um risco iminente de epidemia global. Além do México, outros países com casos confirmados da doença, sem nenhuma morte, de acordo com a OMS, são: Canadá (101), Espanha (54), Reino Unido (18), Alemanha (8), Nova Zelândia (6), Israel (4), França (4), El Salvador (2), Áustria (1), China (1, em Hong Kong), Colômbia (1), Coreia do Sul (1), Costa Rica (1), Portugal (1), Dinamarca (1), Irlanda (1), Itália (2), Holanda (1) e Suíça (1).
A transmissão do vírus da “gripe suína” pode ocorrer “entre porcos” pelo contato com secreções nasais do animal infectado; do “porco para o homem” por via aérea (respiração); e “entre humanos” pelo contato pessoal (aperto de mão, abraço ou beijo, por exemplo) e por via respiratória, o que se exige o uso de máscaras pela população, bem como tapar a boca no ato do espirro, evitando a disseminação de gotículas de saliva contaminada com o vírus para outras pessoas que estejam compartilhando de um mesmo ambiente (cabine de metrô ou uma sala de reuniões, por exemplo).
Para as pessoas que acabaram de ser infectadas pelo influenza A H1N1, uma alternativa bastante eficaz é o uso do fármaco Tamiflu 75 mg, capaz de bloquear a ação das neuraminidases, o que impede a liberação de novos vírus produzidos na célula infectada, interrompendo a continuidade da doença.
Os sintomas são semelhantes ao da gripe comum, onde o indivíduo tem dor de cabeça, dores musculares e nas juntas, ardor nos olhos, febre acima de 39 ºC e início abrupto. “Parte das pessoas que foram contaminadas com o vírus no México tiveram diarréia, isso não é muito comum na gripe, mas pode acontecer”, explica o infectologista Granato. Como o contágio da gripe suína é feito, como nas outras formas da doença, por meio de gotículas de saliva, a prevenção, segundo o infectologista, segue a mesma regra geral indicada para evitar o contágio da gripe comum: evitar o contato muito próximo de pessoas doentes. Postergar viagens ao México é recomendável, pois há informações de que todos os estados daquele país têm casos registrados. Se não for possível, evite aglomerações de pessoas. Outras medidas de prevenção a serem adotadas, segundo o Laboratório de Análises Clínicas Fleury, são:
- Usar máscaras cirúrgicas descartáveis durante toda a permanência nas áreas afetadas, substituindo-as sempre que necessário
- Ao tossir ou espirrar, cobrir o nariz e a boca com um lenço, preferencialmente descartável
- Evitar locais com aglomeração de pessoas
- Evitar o contato direto com pessoas doentes
- Não compartilhar alimentos, copos, toalhas e objetos de uso pessoal
- Evitar tocar olhos, nariz ou boca
- Lavar as mãos frequentemente com sabão e água, especialmente depois de tossir ou espirrar
- Em caso de adoecimento, procurar assistência médica e informar história de contato com doentes e roteiro de viagens recentes a esses países
- Não usar medicamentos sem orientação médica

"As medidas tomadas pretendem fazer com que o número de contágios na cidade não cresça exponencialmente", afirmou o prefeito da Cidade do México, Marcelo Ebrard. O prefeito assegurou que será necessário estudar o comportamento do vírus durante o fim de semana para confirmar se houve estabilização no surto da doença.

Referências Bibliográficas

http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,oms-eleva-a-365-casos-confirmados-de-gripe-suina-no-mundo,364082,0.htm
http://www.fleury.com.br/Clientes/SaudeDia/Artigos/Pages/gripe_suina.aspx?gclid=COXxmOzlnJoCFQVaFQod_y3c8g

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