quarta-feira, 29 de julho de 2009

A Gripe Suína (influenza A H1N1), por Fabrício Cintra (URSO)

Depois da “síndrome da vaca louca” (encefalopatia esponjiforme), doença provocada por um príon (proteína com capacidade de modificar outras proteínas tornando-as cópias de si própria) e que dizimou milhares de rezes bovinas na Grã Bretanha em 1994; da pneumonia asiática, uma doença respiratória grave que afligiu o mundo no ano de 2003; e da gripe do frango que, posteriormente, se “transformou” em gripe aviária, variedade do vírus influenza H5N1, hospedado por aves e que infectou dezenas de pessoas num surto em 2005, o clímax viral se aporta na “gripe suína” ou influenza A H1N1, doença que a cada dia acomete um número maior pessoas por diversas partes do planeta.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) elevou de 365 (sexta-feira, 1º de maio) para 1.085 o número de casos confirmados de gripe suína em todo o mundo até segunda-feira, 4 de maio. De acordo com a entidade, o vírus influenza A H1N1 já infectou pessoas em 21 diferentes países até o momento. O México apresenta 595 infectados e 25 mortes. Os Estados Unidos aparecem a seguir, com 286 casos confirmados e uma morte. O Brasil ainda não consta na lista de países com casos confirmados da OMS, havendo apenas 25 casos suspeitos e 44 pessoas monitoradas pelas autoridades de Saúde.
A gripe suína é causada por um vírus denominado de “H1N1”, transmitido, como toda gripe do grupo A, por aves. As aves conseguem transportar o vírus sem que este, muitas vezes, se desenvolva nelas, uma vez que seus pulmões não apresentam receptores específicos para o reconhecimento viral, sendo um alvo infeccioso. Desta maneira, fica difícil saber se uma ave está ou não contaminada pelo vírus. Os vírus apresentam, ao redor da cápsula que protege a molécula viral, proteínas de reconhecimento e acoplamento celular, permitindo o ataque a células que, por sua vez, servirão de “criadouros” de novos vírus que se alimentarão e se reproduzirão no interior destas. Essas proteínas são classificadas em dois tipos: as proteínas representadas pela cor alaranjada que correspondem às “proteínas H” (hemaglutinina), responsáveis pela aglutinação de células (hemácias) infectadas, e aquelas representadas pela cor vermelha que correspondem às “proteínas N” (neuraminidase), responsáveis pela eliminação dos vírus que se reproduziram na célula. Assim, no caso da gripe suína (H1N1), para cada proteína “H” existe uma proteína “N” ao seu redor (Figura 1). Isso permite o reconhecimento e acoplamento aos sítios específicos presentes em células pulmonares de alguns mamíferos, como no caso do ser humano.


Figura 1. Estrutura do vírus da gripe.


As células que compõem o tecido pulmonar dos humanos apresentam na superfície de sua membrana plasmática receptores específicos semelhantes a “velcros” que permitem o reconhecimento pelas cepas virais que penetram na célula, contaminando-a e utilizando seu metabolismo para se nutrir e se reproduzir, aumentando consideravelmente o número de exemplares num curto espaço de tempo, podendo levar o hospedeiro (paciente) ao óbito.
Provavelmente os porcos se contaminaram por meio da ingestão de comida com fezes deixadas por aves contaminadas que pousaram na região das pocilgas para, por exemplo, adquirir parte do alimento (quirera) ou beber água. Como estes não apresentam receptores específicos nos pulmões, os vírus permanecem circulantes no corpo do animal, sem que este desenvolva a doença, mas tornando-se um transmissor em potencial.
A cepa do vírus da “gripe suína” é a mesma responsável pela “gripe espanhola” que, em 1918, dizimou milhões de pessoas pelo mundo, numa das maiores epidemias enfrentadas pela humanidade. A diferença está na enorme quantidade de mutações sofridas pela cepa viral nesses 90 anos que se passaram, tornando-o um “super-vírus”. Na década de 20 os meios de transporte eram bastante precários, o que dificultava o tramite de pessoas de uma região para outra ou de um país para outro, tornando a transmissão da doença mais difícil que nos dias atuais que, graças à globalização, permite que uma pessoa se desloque da Europa para o Brasil em menos de um dia. Além disso, vale ressaltar os avanços alcançados pela medicina nos últimos 90 anos. Na década de 20 não existiam fármacos capazes de amenizar os sintomas, muito menos abrandar a doença, ficando dependente apenas da capacidade de reação imunológica de cada paciente à doença e da resistência presente no organismo de cada um. Já no século XXI, com o avanço da bioquímica, os laboratórios são capazes de descobrir e sintetizar uma vacina em menos de seis meses, tempo bastante curto quando comparado ao início do século passado.
O “super-vírus” influenza A H1N1 (gripe suína) é uma combinação genética dos vírus da gripe humana (influenza comum), da gripe aviária (H5N1) e da gripe suína (mesma da gripe espanhola de 1918), com uma grande resistência às pressões externas e alto grau de letalidade. Os fármacos existentes atualmente, que são capazes de eliminar a “gripe comum” sem causar a morte do indivíduo, apresentam pouca ou nenhuma eficiência contra a “gripe suína” (gripe A). Essas características permitiram o seu desenvolvimento num curto espaço de tempo, fazendo com que a OMS elevasse o nível de alerta para pandemias do nível 3 para o nível 4 (transmissão entre humanos de um vírus de gripe animal ou humano-animal capazes de provocar surtos em comunidades) em 30 de abril, e do nível 4 para o nível 5 em 01 de maio – numa escala que varia do nível 1 ao nível 6. É a primeira vez que esta combinação genética ocorre e, por isso, ainda não há vacina contra a doença (Quadro 1).

Quadro 1. Os níveis de alerta para pandemias estipulados pela OMS.

O atual nível 5 indica um risco iminente de epidemia global. Além do México, outros países com casos confirmados da doença, sem nenhuma morte, de acordo com a OMS, são: Canadá (101), Espanha (54), Reino Unido (18), Alemanha (8), Nova Zelândia (6), Israel (4), França (4), El Salvador (2), Áustria (1), China (1, em Hong Kong), Colômbia (1), Coreia do Sul (1), Costa Rica (1), Portugal (1), Dinamarca (1), Irlanda (1), Itália (2), Holanda (1) e Suíça (1).
A transmissão do vírus da “gripe suína” pode ocorrer “entre porcos” pelo contato com secreções nasais do animal infectado; do “porco para o homem” por via aérea (respiração); e “entre humanos” pelo contato pessoal (aperto de mão, abraço ou beijo, por exemplo) e por via respiratória, o que se exige o uso de máscaras pela população, bem como tapar a boca no ato do espirro, evitando a disseminação de gotículas de saliva contaminada com o vírus para outras pessoas que estejam compartilhando de um mesmo ambiente (cabine de metrô ou uma sala de reuniões, por exemplo).
Para as pessoas que acabaram de ser infectadas pelo influenza A H1N1, uma alternativa bastante eficaz é o uso do fármaco Tamiflu 75 mg, capaz de bloquear a ação das neuraminidases, o que impede a liberação de novos vírus produzidos na célula infectada, interrompendo a continuidade da doença.
Os sintomas são semelhantes ao da gripe comum, onde o indivíduo tem dor de cabeça, dores musculares e nas juntas, ardor nos olhos, febre acima de 39 ºC e início abrupto. “Parte das pessoas que foram contaminadas com o vírus no México tiveram diarréia, isso não é muito comum na gripe, mas pode acontecer”, explica o infectologista Granato. Como o contágio da gripe suína é feito, como nas outras formas da doença, por meio de gotículas de saliva, a prevenção, segundo o infectologista, segue a mesma regra geral indicada para evitar o contágio da gripe comum: evitar o contato muito próximo de pessoas doentes. Postergar viagens ao México é recomendável, pois há informações de que todos os estados daquele país têm casos registrados. Se não for possível, evite aglomerações de pessoas. Outras medidas de prevenção a serem adotadas, segundo o Laboratório de Análises Clínicas Fleury, são:
- Usar máscaras cirúrgicas descartáveis durante toda a permanência nas áreas afetadas, substituindo-as sempre que necessário
- Ao tossir ou espirrar, cobrir o nariz e a boca com um lenço, preferencialmente descartável
- Evitar locais com aglomeração de pessoas
- Evitar o contato direto com pessoas doentes
- Não compartilhar alimentos, copos, toalhas e objetos de uso pessoal
- Evitar tocar olhos, nariz ou boca
- Lavar as mãos frequentemente com sabão e água, especialmente depois de tossir ou espirrar
- Em caso de adoecimento, procurar assistência médica e informar história de contato com doentes e roteiro de viagens recentes a esses países
- Não usar medicamentos sem orientação médica

"As medidas tomadas pretendem fazer com que o número de contágios na cidade não cresça exponencialmente", afirmou o prefeito da Cidade do México, Marcelo Ebrard. O prefeito assegurou que será necessário estudar o comportamento do vírus durante o fim de semana para confirmar se houve estabilização no surto da doença.

Referências Bibliográficas

http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,oms-eleva-a-365-casos-confirmados-de-gripe-suina-no-mundo,364082,0.htm
http://www.fleury.com.br/Clientes/SaudeDia/Artigos/Pages/gripe_suina.aspx?gclid=COXxmOzlnJoCFQVaFQod_y3c8g

2 comentários:

Unknown disse...

hola! Eu realmente gostei deste blog

Kobe disse...

hello when he was in an exhibition of knee anatomy twentieth provided this information to ma Suina Flu (influenza A H1N1), Fabrício Cintra (URSO), which helped me for a task of the Universiade.

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