quarta-feira, 29 de julho de 2009

OS PLÁSTICOS E OS DESAFIOS PARA AS PRÓXIMAS GERAÇÕES

Prof. Dr. José Marcelo Cangemi
Professor de Química COC/Franca
Coordenador do curso de Licenciatura em Química das Faculdades COC/Ribeirão Preto

Os plásticos e borrachas, ou seja, os polímeros, são muito importantes na sociedade atual. Leves e resistentes, práticos e versáteis, duráveis e relativamente baratos, eles se tornaram parte do nosso dia-a-dia; sem exagerar, excetuando-se a nossa comida, o ar e a água, no restante, todas as coisas com as quais temos contato em nosso cotidiano contém plástico na sua constituição, seja na totalidade ou em algumas partes. Você já parou para pensar que tudo é embrulhado em plástico? Os calçados são feitos de couro artificial, as roupas são de nylon, o leite é vendido em saco plástico ou em “caixinha”, os encanamentos são de PVC. Olhe para si mesmo: seus óculos provavelmente são feitos de acrílico, seu computador e seus cds de plástico, assim como a garrafa de refrigerante.
Mas é justamente uma das maiores virtudes do plástico, a durabilidade, que se tornou nas últimas décadas também o seu “calcanhar-de-aquiles”. Polímeros sintéticos puros são geralmente resistentes ao ataque microbiano devido a uma série de fatores como dureza, absorção limitada de água e tipo de estrutura química. Saiba que, depois de descartado, o plástico permanece durante décadas ou mesmo séculos sem se degradar, agravando um dos sérios problemas da sociedade atual: o descarte de lixo. Há quantidades enormes de objetos plásticos no lixo, e é urgente pensarmos em possíveis soluções. Mas quais seriam elas?
Entre as opções existentes para minimizar esse problema ambiental apresentam-se a incineração (reciclagem energética), a reciclagem e a biodegradação, cada qual com seus prós e contras.
- Incineração: é o termo usado para designar a combustão do lixo municipal. Um incinerador apropriadamente projetado e operado permite que a redução de volume de material a ser aterrado seja substancial. Em muitos países a incineração é realizada para a conversão de resíduos plásticos em energia. No entanto, a incineração ainda não está sendo utilizada em grande escala devido ao custo elevado e, em alguns casos, por ser potencialmente arriscada. Alguns plásticos, como o cloreto de polivinila (PVC), causam irritação ou então geram gases tóxicos quando queimados.
- Reciclagem: é uma forma de aproveitamento de resíduos plásticos de produtos descartados no lixo. Os materiais que se inserem nesta classe provêm de lixões, sistema de coleta seletiva, sucatas, etc. São constituídos pelos mais diferentes tipos de material e resina, o que exige uma boa separação para poderem ser aproveitados. No caso dos polímeros termofíxos (aqueles que uma vez prontos não fundem mais), a boa notícia é que se tem encontrado soluções interessantes na tentativa de diminuir o impacto destes no meio ambiente, entrando como cargas inertes (após moagem), sendo incorporados na formulação de peças, como constituintes de asfalto, etc.
Se por um lado temos as vantagens, por outro também temos dificuldades na implantação de tal modelo, dentre as quais podemos citar: escassez de empresas interessadas em comprar o material separado, dificuldade em separar corretamente os diversos tipos de plástico e a difícil tarefa em garantir um fornecimento contínuo de matéria-prima de boa qualidade aos compradores. Outra dificuldade é o fato dos termoplásticos (polímeros que podem ser fundidos diversas vezes), apresentarem um limite de reciclagem, e a partir daí se tornarem um resíduo agressor ao meio.
- Plástico biodegradável: ao contrário dos sintéticos derivados do petróleo, sofrem biodegradação com relativa facilidade, se integrando totalmente à natureza. Devido a isso, institutos de pesquisas das universidades, muitas vezes ligados ao setor industrial, trabalham há alguns anos em uma linha de pesquisa que visa desenvolvê-los. Uma substância é biodegradável se os microrganismos presentes no meio ambiente forem capazes de convertê-la a substâncias mais simples, existentes naturalmente em nosso meio. Mas este material também apresenta suas limitações: do ponto vista técnico, os plásticos biodegradáveis ainda não apresentam toda a versatilidade dos convencionais, enquanto que do ponto de vista econômico, eles ainda são mais caros que os derivados de petróleo (de duas a três vezes).
O futuro dos plásticos se mistura um pouco com o próprio futuro da humanidade, e com certeza ainda teremos muitos capítulos nessa história. Por isso você, que acabou de ler este artigo, faça também a sua parte: prefira consumir produtos armazenados em embalagens biodegradáveis ou feitas de material reciclado, garantindo assim um futuro melhor para as próximas gerações.

1 comentários:

Leny Pimenta disse...

Prof. Marcelo!
Fantástico seu artigo!
Leny

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