quarta-feira, 29 de julho de 2009

Pesquisa transforma sobras de couro industrial em dinheiro

O COC Franca teve a honra de receber em sua Unidade do Ensino Médio no dia 19 de junho a Dra. Joana Félix, que gentilmente atendeu ao convite feito pela Prof.ª Vera Márcia, da área de Redação, para um ciclo de palestras nos 3os anos e Extensivo sobre o desenvolvimento do seu trabalho (vide reportagem abaixo) e sua trajetória de vida como estudante, sua garra, determinação, perseverança e muito estudo. Os alunos sentiram-se envolvidos pela sua fala e participaram ativamente com perguntas significativas.

Agradecemos a presença da nobre pesquisadora e cientista em nossa instituição,
Leny Pimenta

Em uma época em que a proteção ambiental virou questão de sobrevivência, a pesquisa de uma francana pode revolucionar a questão do lixo produzido pelo segmento coureiro calçadista no país e ainda gerar lucro para quem colocá-la em prática. O estudo desenvolvido através da PHD em Química pela Universidade de Harvard, Joana D’Arc Félix de Sousa, consiste na extração de subprodutos químicos extraídos das sobras do couro industrial.

Segundo Joana, é possível retirar das sobras de couro produtos como corante, óleo de engraxe, tanino, cromo e colágeno, além da água, que é reaproveitada. No caso do óleo de engraxe, o produto se transforma ainda em biodiesel e pode ser usado como fonte energética.

Todos estes produtos são reutilizados pela indústria química. “O colágeno é utilizado na área alimentícia, cosmética e farmacêutica; os corantes, na área têxtil, de papel e couros; os taninos, na área de cosméticos e couro e o cromo na cromagem de metais e de novo, no couro”, comenta Joana.

A química salienta que a pesquisa é inédita e que não encontrou estudo semelhante em nenhum lugar do mundo. “De dados que obtivemos, inclusive da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), é um trabalho inédito mundialmente”.

O processo está sendo utilizado por Joana e lhe gerando renda. De acordo com ela, sua empresa, a Ecobrás, instalada no Jardim Zelinda, já trabalha com uma média de uma tonelada de resíduos por dia, que gera 300 quilos de biodiesel, 40 quilos de corante e 200 quilos de colágenos, que é o subproduto mais rentável, segundo Joana. Com esta produção, a química consegue ter um faturamento médio de R$ 10 mil mensais.

Se os lucros são altos, os custos são proporcionalmente baixos. “O impressionante é que o custo é baixíssimo. De uma tonelada de resíduo, gasta-se entre R$ 100 a R$ 150 para extrair todos os produtos”. O total obtido com a venda dos subprodutos pode chegar a R$ 500, ou seja, aproximadamente cinco vezes os gastos.

Além do lucro obtido, Joana pode ter ganhos ainda pela iniciativa de não agressão ao meio ambiente. “Nós vamos obter créditos de carbono (dinheiro pago a iniciativas que diminuam a emissão de gás carbônico) com este trabalho. Estou em conversação com a prefeitura de São Paulo para ver de onde virão estes créditos”.

Nas contas de Joana, cada par de sapato gera 200 gramas de resíduos que podem ser utilizados pelo projeto. Além das fábricas de calçados, os próprios curtumes produzem sobras que poderiam ser reutilizadas. Hoje, as empresas calçadistas depositam os resíduos no aterro sanitário da cidade, pagando para isso. “Esse retalho que ele deposita no aterro é um passivo ambiental, uma herança que ele deixa para os filho, netos e que pode, ainda, gerar prejuízo”, disse.

O projeto já ganhou prêmio.

A experiência de Joana D’Arc e de sua empresa, a Ecobrás, despertou a atenção do setor coureiro-calçadista. O maior indício disso foi a conquista do primeiro Prêmio Couromoda de Boas Práticas Sócioambientais no Setor Coureiro-Calçadista, na feira realizada em São Paulo no último dia 14. Lá, foi procurada por várias empresas do Rio Grande do Sul interessadas na instalação da tecnologia em terras gaúchas.

O presidente do Sindifranca (Sindicato das Indústrias Calçadistas de Franca), Jorge Donadelli, disse que a entidade está interessada no projeto. “É uma boa notícia. O lixo poderá virar matéria-prima, resolvendo dois problemas. Por isso, desperta nosso interesse e iremos apoiar”.
Para continuar as pesquisas, Joana conseguiu um financiamento de R$ 600 mil da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo) para aquisição de equipamentos e contratação de bolsistas.

Publicado em 18 de Janeiro de 2008.
Jornal Comércio da Franca

3 comentários:

Unknown disse...

COMO FAÇO PARA ENTRAR EM CONTATO COM A EMPRESA DA Dra JOANA?

JBM disse...

Sou técnico em curtimento, e gostei muito desta reportagem, gostaria de saber mais sobre todo o processo, se for possível. Como faço?

Josenildo

Unknown disse...

Tenho interesse um restos de couro para ensinar artesanato a crianças carentes da minha cidade, como devo proceder??

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